A ciência do palavrão
Por que diabos m... é palavrão? Aliás, por que a palavra
diabos, indizível décadas atrás, deixou de ser um? Outra: você já
deve ter tropeçado numa pedra e, para revidar, xingou-a de algo
como filha da …, mesmo sabendo que a dita nem mãe tem.
Pois é: há mais mistérios no universo dos palavrões do que
o senso comum imagina. Mas a ciência ajuda a desvendá-los.
Pesquisas recentes mostram que as palavras sujas nascem em um
mundo à parte dentro do cérebro. Enquanto a linguagem comum e
o pensamento consciente ficam a cargo da parte mais sofisticada
da massa cinzenta, o neocórtex, os palavrões moram nos porões
da cabeça. Mais exatamente no sistema límbico. Nossa parte
animal fica lá.
E sai de vez em quando, na forma de palavrões. A medicina
ajuda a entender isso. Veja o caso da síndrome de Tourette. Essa
doença acomete pessoas que sofreram danos no gânglio basal,
a parte do cérebro cuja função é manter o sistema límbico comportado.
E os palavrões saem como se fossem tiques nervosos na
forma de palavras.
Mas você não precisa ter lesão nenhuma para se descontrolar
de vez em quando, claro. Justamente por não pensar, quando essa
parte animal do cérebro fala, ela consegue traduzir certas emoções
com uma intensidade inigualável.
Os palavrões, por esse ponto de vista, são poesia no sentido
mais profundo da palavra. Duvida? Então pense em uma palavra
forte. Paixão, por exemplo. Ela tem substância, sim, mas está
longe de transmitir toda a carga emocional da paixão propriamente
dita. Mas com um grande e gordo p.q.p. a história é outra. Ele vai
direto ao ponto, transmite a emoção do sistema límbico de quem
fala diretamente para o de quem ouve. Por isso mesmo, alguns
pesquisadores consideram o palavrão até mais sofisticado que a
linguagem comum.
(www.super.abril.com.br/revista/. Adaptado.)
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